Há muito que não
comunico convosco, Caros Visitantes. Vou continuar o tema das
Neuroses, embora muito sumariamente, com breves
noções pelo menos para terem o mínimo de conhecimento.
Como sabem,
NEUROSE é um termo vulgarmente utilizado para exprimir o grupo de
algumas doenças psiquiátricas originadas em todo o tipo de neuroses por
perturbações psíquicas, que embora possam ser graves os sintomas, os
pacientes permanecem conscientes da realidade, por vezes uma consciência
mórbida (o que distingue a neurose das psicoses). Algumas Neuroses já foram
mencionadas ao longo deste site, como as Manias e
Fobias, a Hipocondria,
Distúrbio
Obsessivo-Compulsivo, etc.
Hoje vou começar por
uma neurose – NEURASTENIA, que é um termo
Freudiano, portanto já pouco usado, muito caído em desuso, que actualmente
significa Esgotamento Nervoso, com sintomas como tonturas, dores de
cabeça, distúrbios do sono, incapacidade de relaxar, em que domina, como em
todas as outras neuroses, distúrbios relacionados com a ansiedade e a
angustia, e por vezes ataques de pânico e hipocondria. O termo Neurastenia
foi usado por Freud por volta de 1898 também conhecida por NEUROSE
de ANGUSTIA. Além dos sintomas já mencionados,
Freud descobriu também que o neurasténico tem muita falta de energia,
variadas psicossomáticas, especialmente dores no tórax, perturbações do
sistema digestivo, estados depressivos, irritabilidade, insónias, muita
dificuldade de concentração. Actualmente, o quadro clínico da Neurastenia é
interpretado como uma forma crónica de depressão numa personalidade com
traços neuróticos marcados. Também a repressão por vezes violenta da
agressividade é causa desta neurose. Sob o ponto de vista sintomático
considera-se a predominância da ansiedade, e acessos de profunda angústia,
sintoma que foi isolado para estudo profundo. Considera-se a angústia
um sentimento desagradável, profundamente incómodo, de insuficiência vital,
que consome uma existência agitada; é um fenómeno complexo que ataca o
organismo inteiro, perturbando com mais ou menos violência a esfera psíquica
e o funcionamento córtico visceral. O sentimento de angústia é muitas vezes
indefinível, por isso inexplicável. Manifesta-se também por sintomas
físicos, como o enfraquecimento das pulsações, falta de ar, tremuras, suor
frio, náuseas, dispneia, vertigens, perturbações cardíacas, e outros.
Recentemente também
foi definido como sentimento de angústia quando uma criança pequena é
afastada dos pais ou do lar. A angústia está intimamente ligada à
NEUROSE ANSIOSA, e como tal vamos primeiro
definir tanto quanto possível, e aprender algo o que é na verdade a Ansiedade.
No entanto, acho necessário dizer um pouco mais sobre o sofrido sentimento
da Angústia.
Como disse atrás é um
sentimento indefinível, mas martirizante, que hoje é quase colectivo, vindo
das infâncias, da vida turbulenta que agita a humanidade. A larga expansão
da angústia na nossa época é devida, em grande parte, ás mutações rápidas do
nosso meio, ao desenvolvimento das técnicas, das formas de organização, que
na maioria se apresentam muito confusas. Também é um sentimento pulsional
que nos faz recear, encarar as nossas pulsões que vão retomando o seu
domínio e vão determinando uma perda de amor, chegando à hostilidade entre
os que nos rodeiam. Sente-se nesta situação uma angústia de solidão e
ausência de protecção. Procuramos evitar perigos quer sejam interiores ou
exteriores a nós, mas não podemos muitas vezes fugir deles, como não podemos
fugir de nós mesmos. Acabamos muitas vezes por recalcar a angústia pulsional
e assim poder perder o controlo sobre o perigo que ela representa.
Enfrentar, esbarrar com um tabu devido à convencional e preconceituosa
educação recebida, quando se está numa situação de transgressão do proibido,
surge a angústia do castigo, o medo e um tremendo conflito intrapsíquico.
Proibições exageradas ou exigências muito fortes no decurso da educação da
criança geram angústia que pode prevalecer pelos tempos. A criança fica com
o sentimento de que não poderá nunca fazer nada de bom e que estará sempre
exposta à perda do afecto, da protecção, da segurança, e o conflito
intrapsíquico toma cada vez mais maior dimensão. É possível reduzir
consideravelmente as angústias não se deixando arrastar pelos seus efeitos
aprendendo a ter consciência de si, das motivações que lhe causam o
mau-estar, o que lhe assegurará uma certa confiança ante os problemas da
vida.
Outro factor de
primordial importância e que existe em maior ou menor dimensão em quase
todas as neuroses, é a Ansiedade, o sentimento
mais predominante na neurose ansiosa. A ansiedade é um estado emocional
extremamente desagradável, normalmente associado à sensação de que algo de
mal vai acontecer, mesmo que não exista qualquer facto real, e ao qual se
associa um conjunto típico de sintomas físicos e psíquicos. É natural que
quando uma pessoa está muito preocupada com factos reais a ansiedade a
domine, mas torna-se patológica quando é demasiado excessiva, e quando
bloqueia o raciocínio e perturba as actividades naturais do dia-a-dia.
Entre os sintomas mais comuns, incluem-se as palpitações, que são
desagradáveis batimentos cardíacos; também as pontadas, ou a sensação de
opressão no peito. Também surgem frequentemente perturbações do sistema
respiratório, como a incapacidade de respirar ar suficiente, criando a
angustiante situação de mal-estar, ou suspirar com extrema frequência, ou
inspirar ar em excesso –
Hiperpeneia. A tensão muscular também é um
sintoma e provoca dores de cabeça, nas costas, uma respiração ofegante, e
incapacidade de descontracção, uma incomodativa sensação de cansaço. O
sistema digestivo também é muito afectado pelas ansiedades: as diarreias são
os sintomas mais frequentes, alterações no apetite, ou perdê-lo sentindo por
vezes náuseas quando é necessário comer, ou pelo contrário surge um apetite
devorador como uma auto-compensação. Os medos aumentam, e quanto mais
aumentam também a ansiedade cresce, perdem facilmente o auto-controle, e os
medos, que procuram esconder, provocam irritabilidade, uma extrema fadiga e
um profundo sentimento de frustração. A ansiedade em excesso pode provocar
crises de pânico, a sensação de morte prevalece, e até o medo de
enlouquecer, sintomas que são vividos com extrema angústia e que precisam de
urgente tratamento psiquiátrico. Surgem frequentemente
distúrbios parassonais, como
insónia, dificuldade em adormecer, sonhos
agitados, mesmo pesadelos.
Os sintomas de maior
gravidade são a despersonalização a ponto do indivíduo quase ou mesmo deixar
de se reconhecer a si próprio, criando mentalmente realidades que não fazem
parte do ambiente em que está integrado ou dos diálogos que podem surgir
entre os mais próximos, que ele pode distorcer com a sua realidade mental e
não com a objectividade dos factos que o diálogo transmite. Também os
conflitos dos quais não se tem consciência, mas que se encontram recalcados,
manifestam-se por ansiedade quando a situação do momento ameaça repetir a
situação traumática do passado (segundo Jung, ab-reacção psicológica).
Os sintomas psíquicos
de ansiedade surgem em algumas doenças psiquiátricas como a
hipocondria, a depressão ou as perturbações
psicossexuais. As perturbações da ansiedade são frequentes, afectando cerca
de 5 a 10% da população, principalmente nos jovens. Diagnostica-se como
Neurose Ansiosa se o indivíduo tiver tido pelo menos uma crise bem real
de ansiedade associada a um ou mais sintomas físicos, especificamente as
psicossomáticas, ou também os psíquicos que perturbem a sua actividade
normal. O distúrbio de pânico, que é caracterizado pelo aparecimento
de crises de pânico, violentos acessos repentinos de um medo extremo e
irracional com sofridas reacções físicas. As fobias
são sempre acompanhadas de medos irracionais que levam o indivíduo a evitar
determinadas situações ou objectos. As perturbações
obsessivo-compulsivas são uma das consequências do distúrbio de
ansiedade e caracterizam-se por pensamentos repetidos e persistentes que a
pessoa não consegue evitar. Evidenciando a ligação entre angústia e
ansiedade, citamos a angústia que uma criança pequena sente se é afastada
dos pais ou do lar ou daqueles que mais estima. A ansiedade de separação é
um aspecto normal do comportamento infantil.
A criança muito cedo sente o ambiente conflituoso entre os
pais e vai aumentando a ansiedade, e os medos começam a surgir cada vez com
mais intensidade. Quando a separação existe na realidade, a criança começa a
ter cada vez mais problemas psico-fisiológicos. A instabilidade, a
insegurança, instalam-se no pequeno ser que está a desabrochar para a Vida e
vão aumentando se não lhe dão a atenção devida e não se apercebem do mal que
estão causando. Ao sentirem
esse risco de não poderem estar com o mimo dos pais, reagem chorando
desesperadamente. São crianças que podem manifestar já grandes perturbações
como dores de cabeça, náuseas, tonturas ou dificuldade em dormir.
Especialmente quando afastadas das pessoas queridas, sobretudo quando
afastadas dos pais, têm preocupações mórbidas, um medo irracional que os
pais tenham fugido ou morrido e sentimentos angustiantes de abandono e
solidão. Algumas crianças passam fases de isolamento e até negativismo,
recusando visitar os amigos ou ir à escola. Este distúrbio de ansiedade de
separação pode ocorrer em simultâneo com uma depressão grave, que torna tudo
mais complexo e difícil.
Poderia dizer muito
mais, mas o essencial para a aprendizagem que eu pretendo parece-me estar
bem explícito.
Penso não estar tanto tempo sem outra página lançada para os meus
visitantes, especialmente os que não têm acesso a meios de aprenderem
situações físicas e psíquicas que ocorrem no dia-a-dia. Até sempre.